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segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

SER APENAS PARTE

A compota de figo, a infância, os folguedos na rua,
a procissão do encontro, os filmes americanos, as tias e os primos,
as jacas, jabuticabas, goiabas e mangas
ficaram num lugarzinho guardado
são versões de um passado
de aconchego.
Renasci
em terra inóspita.
A mudança,
sem motivo entranhado ou convincente
fez de pedra e desatino o descaminho.
Em nome desse desatino, buscava-se a esperança.
Houve o encontro do sem sentido
com a estrada larga da vida.
Perseguir o entendimento passou a ser preciso.
Por ser mudança concreta que mantém a distância,
o canto da saudade é sentido deleite
porque mistura o que poderia ter sido
no entranhado do que foi vivido
embricando-os no coração dividido
entre o passado e o presente.
Ficaram lá
parte dos sabores e doces enlevos.
Renasceram aqui
os frutos das sementes herdadas
germinadas
apesar da sequidão.
Por causa do início,
em função de um futuro,
em nome da sobrevivência,
em função do sentido
que a vida tem de ter.
         (numa tarde de domingo de 2006)

Um comentário:

  1. Foram 13 anos vivendo na singeleza e pureza da cidadezinha-aconchego, no interior de Sção Paulo. Em 27 de fevereiro de 1964, descobri a estranheza do novo, do inusitado, da poeira da nova capital, nascendo da vontade e da coragem do candango-construtor, do candango-desbravador, do candango-aventureiro, do candango-sonhador... com os olhos voltados para o futuro (até porque a poeira não deixava divisar o presente)...

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