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quarta-feira, 29 de junho de 2022

 

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NA GALERIA DA MINHA SAUDADE, DESFILAM MEUS ENTES QUERIDOS!
No livro EVA LUNA, de Isabel Allende, às páginas 28 e 29, a protagonista Eva se refere a sua mãe com tal encantamento que provoca inveja e desejo incontido de ter feito parte dessa interação mãe e filha:
"... na intimidade do quarto que dividíamos, ela se transformava. Começava a falar do passado ou a narrar suas histórias e então o aposento se enchia de luz, desapareciam as paredes, dando lugar a incríveis paisagens...";
"...colocava a meus pés todos os tesouros do Oriente, a lua e mais ainda, reduzia-me ao tamanho de uma formiga, para eu sentir o universo a partir da minha pequenez, punha-me asas para vê-lo a partir do firmamento, dava-me uma cauda de peixe para conhecer o fundo do mar. ".
A personagem Eva destaca que a mãe, de nome Consuelo, “Semeou em minha cabeça a ideia de que a realidade não é apenas como percebida na superfície, possuindo também uma dimensão mágica e, tendo-se vontade, é legítimo exagerá-la e dar-lhe cor, para que a passagem por esta vida não se torne tão tediosa."
As palavras são grátis, dizia Consuelo que se apropriava delas como sendo suas.
Todo esse dimensionamento mágico - que a imaginação permite, mesmo se não traduzido em palavras -, também brota de pronto frente a uma foto em sépia, aquela foto antiga a que o tempo adicionou uma camada de cor além do natural preto no branco.
Recebi uma foto assim, cheia de magia, com poder para transportar-me até a infância para revisitar passagens vividas ao lado dos meus entes queridos!
A foto que recebi da tia Luzia Mapeli, no sábado passado, trouxe cor e brilho diferentes ao meu dia. De pronto, respiração presa, maravilhada, reconheci meu avô Juleto, minha tia Luzia, meu tio Jair, a tia Maria Maito e minha nona Henriqueta.
Logo me senti menina, em Ipuã.
Essa tia querida (a primeira, à esquerda da foto), com essa carinha de menina sorridente, nasceu e morou em Ipuã até o final da primeira metade dos anos 60. Meu avô materno Ângelo Mapeli, conhecido como Juleto (à direita), ficou viúvo, casou-se com a Maria (do lado direito dele) e tiveram seis filhos: cinco homens e uma mulher. Todos nascidos e criados em Ipuã.
A nenê que está no colo da vovó Maria se chama Silvana (filha do Francisco Mapeli). Perto de completar 59 anos, aparenta ter, na foto, um aninho. Se a conta estiver certa, minha tia Luzia estava com 21 aninhos. O ano, então era 63.
A Consuelo, mãe da protagonista do livro Eva Luna conseguia, com palavras, desenhar o mundo na imaginação e encantamento da filha.
Uma foto assim, capaz de trazer de volta os anos tão distantes da realidade atual, capaz de dar vida às lembranças doces do vivido junto aos retratados, consegue misturar sonho e realidade numa elaboração transcendente que me permite acreditar que, além de reconhecer até as roupas das minhas pessoas queridas, consigo alcançar o tom de suas vozes...
Quem é do tempo do Jair do Juleto aí, em Ipuã, vai confirmar que o vozeirão do meu tio era marcante registro. Sinto que o som ecoa na eternidade