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segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

A CIDADE E AS CIRCUNSTÂNCIAS

Minha homenagem a Taguatinga, na pretensão de evidenciar meu agradecimento pela acolhida, desde o dia 27 de fevereiro de 1964:

A cidade e as circunstâncias

Há 48 anos, tomada de assalto, aportei em Taguatinga.
Antes, a infância doce, na cidadezinha do interior,
cenário dos meus amores.
A chegada, num finzinho de tarde, encerrava viagem,
cansativa e improvisada,
em cima da mudança, na carroceria de um Chevrolet 59.
Era fevereiro, dia 27, do ano de 1964.
Nos meus recém-feitos 13 anos,
entendi que a saudade
seria tatuada na minha alma,
como sinônimo de dor.
Com o tempo,
deu lugar à adaptação,
motivou a aceitação,
impulsionando o ir em frente:
o novo era a reinvenção
do que move o dentro
e o redor de mim.
Não foi com surpresa
que meu coração ladrilhou,
com pedrinhas de brilhante,
cada lugar
que minha emoção pisou.
E, desde que acrescentei pertencimento,
entendi nossa relação...
Foi em Taguatinga que percorri a distância
entre o eu-menina
até o eu-avó.
E é onde revisito,
na minha viva saudade
cada pedaço de passado,
as minhas circunstâncias vividas...
No Cemab,
as salas de aula, a quadra de esportes e a biblioteca;
No Country Club,
o rock, as bandas, os primeiros amigos;
No clube dos 200,
os bailes, as domingueiras, os shows, os carnavais;
No cine Paranoá,
a força da catarse em cada humana emoção
emprestada da tela ;
Nas escolas e na Regional de Ensino,
as descobertas, as amizades,
o saber dividido,
a construção do eu-professora;
Na família,
a base e proteção dos meus pais,
e o legado de mais gerações
a partir de meus quatro filhos
que deram vida a novos amores;
Na vida,
brigando pelo meu espaço,
aceitando, rezando,
perdendo, ganhando,
amando;
No coração,
o impulso cadente e ritmado
que faz soar o nome da cidade
base da minha construção.