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quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Sinais de Luz

Sônia era a companheirinha da mãe, D. Rita. Era caladinha e muito educada. A mãe a elogiava por seu empenho na escola. Ela estudava pela manhã, enquanto a mãe fazia as tarefas de casa. À tarde, as duas, muito religiosas, iam à igreja e, de lá, decidiam as visitas de caridade, para irem alentar, material e espiritualmente, famílias carentes.
Até que, com dezesseis anos, Sônia começou a vomitar sangue. E, a partir de então, passou por hospitais, desalentos e sofrimento. Com o tempo, enfraquecida, não aguentou mais, entrou em coma e sofreu morte cerebral. O processo todo durou quase dois anos. Os médicos alegaram que ela contraiu hepatite na infância e que, mal curada, a doença provocou enfraquecimento físico, comprometendo as veias. Isso explicava tanta hemorragia.
A situação comatosa causava muita ansiedade na mãe. Por não suportar mais vê-la sofrendo, procurou então o apoio espiritual do padre da sua paróquia. E ele a encaminhou para falar com um jovem, o Daniel, que se encontrava hospedado na casa paroquial. Era um seminarista de passagem pela cidade. Ela contou a história da Sônia  e pediu-lhe que a ajudasse com orações que libertassem a filha.
_ Realmente, tenho um dom, manifestado em sonhos, e isso me tem permitido confortar as famílias em momentos de perda, disse ele. E explicou que a procuraria, em sua casa, no outro dia, pela manhã, para irem juntos ao hospital, onde ele esperava ter as palavras certas para libertar Sônia.
No dia seguinte, D. Rita o ouviu falar, evidentemente desnorteado:
_ No meu sonho, uma senhora de cabelos negros me disse: “O dia é amanhã. Diga a ela que é a mamãe quem vai levá-la para a Luz”. Foi quando acordei e passei o resto da noite em claro, imaginando como dar a notícia pra senhora, D. Rita, pois não entendi nada. Pela primeira vez, não entendi a mensagem.
D. Rita, com expressão triste, agradeceu, acrescentando:
_ Quem você viu foi a mãe verdadeira: minha cunhada. Eu sou tia. A mãe faleceu quando ela era bebê. E meu irmão precisou de mim para criá-la.
Naquela mesma manhã, no hospital, Daniel e D. Rita despediram-se da menina caridosa que seguiu para a Luz.

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